Além da sua “forte importância geológica”, pois encontram-se nas zonas de junção de placas tectónicas, as fontes hidrotermais são também importantes pela sua diversidade biológica.
Ana Hilário, da Universidade de Aveiro, participou numa investigação que a levou a fontes hidrotermais nos fundos marinhos do East Scotia Ridge, na Antárctida.
Em conversa com o «Ciência Hoje», a investigadora explicou que “foram encontradas espécies até agora desconhecidas”, como o chamado ‘caranguejo yeti’ ou uma estrela predadora com sete braços. Foram também encontradas “combinações de espécies ainda não registadas, como a existência, no mesmo habitat, de caranguejos."
Nas fontes hidrotermais as condições são extremas. “O fluído que sai da chaminé está 400 graus célsius e a água ao seu redor ronda os 8/12 graus”, explica. Além disso, são libertados químicos tóxicos. “A maior parte das formas de vida usa-os como fonte de energia. Dependem não da fotossíntese, mas sim da quimiossíntese”, diz a investigadora.
“Havia razões biogeográficas para querermos estudar estas fontes. Já conhecíamos o Atlântico, o Pacífico, o Índico. Faltava a conexão que seria a Antárctida”. Aqui, as fontes hidrotermais albergam “fauna completamente diferente” da que se conhecia até agora.
“Não só encontramos espécies que não conhecíamos como demos conta de combinações de espécies que não tínhamos ainda registado”. A investigação envolveu três missões em três anos sucessivos – 2009, 2010 e 2011. “No primeiro foi só feita observação e nos dois seguintes recolhemos amostras. Estamos agora a fazer a descrição formal das espécies novas e tentar obter financiamento para continuar as investigações”.
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